quinta-feira, 25 de janeiro de 2007

Hurt



Em honra da Amiga e Companheira.
Descansa em paz minha querida.

quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

Café Nicola

este cigarro nunca está apagado é
incandescente e leve nuvem de pó
ou nevoeiro desértico não deserto
e teu

é apagando o teu cigarro no meu
corpo que te entegas somente
nesta noite que me consomes a
vida até à exaustão, que retiras do
corpo o sangue que te queima a pele

os olhos para que não possas ver
para que possas tocar para que
sejas mão a tua mão que me segura
na insegurança do teu corpo do
meu corpo
compostos por justaposição combustível
para o tempo

são dos teus olhos que retiro todas
as coisas, que me separo da minha capa
e me dou às tuas mãos. Respiro através deste
peito já cansado inalo o fumo do cigarro
e vejo-te pela neblina
entre lençóis.
enrola-te no meu corpo somente esta noite

esta noite é esta é agora tanto quanto
és o meu corpo tu, os teus gestos, todos
os teus gestos, são meus no meu corpo
que sem palavras se abandona a um
silêncio telepático

nestas palavras vivemos e neste bloco
amamos
quero viver em ti,
perder-me na tua boca e
completar o que resta desta folha
pois só assim te posso dizer que acabei este poema


Lisboa (Café Nicola) 19.12.06

Sara Alves de Almeida com M.Tiago Paixão

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

Lisboa (Esplanada da Graça)

Era uma noite como esta, em que as estrelas surgiam e o frio nos cortava a pele e os lábios. Mal conseguíamos falar mas sorriamos sempre com a piada de estarmos sentadas nesta nossa esplanada onde tantas noites e dias se passaram com o frio gelado.
Pedimos um pouco de álcool para nos aquecer o corpo, o seu gosto era amargo e com sabor a chocolate e brindámos à amizade, como se fosse o último dia e a última noite.
Ainda hoje me lembro e ainda hoje sinto as saudades desses brindes e do álcool que nos entorpecia o corpo e a alma.

Sara Alves de Almeida

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

Selei-as no Peito

O tecto desabou, ficaram somente os restos de um quarto vazio.
Estranhamente não se cravaram em ti os estilhaços de vidro que te atirei ao corpo.
Rasguei em pequenos pedaços as cartas que te escrevi.
Seria mais fácil se as queimasse mas assim ainda consigo reunir cada fragmento dessas palavras e selá-las no meu peito.


Sara Alves de Almeida