quarta-feira, 24 de outubro de 2007


Sou parte de quem tu eras,
Sou corpo que arde sem ti,
E a saudade nada mais faz
Senão queimar aquilo que um dia foste.

Sara Almeida


Fotografia tirada em 2005, numa daquelas ocasiões em que a amizade está acima de tudo o resto.
Em memória de quem era a Joana lhe dedico estas palavras e a honro todos os dias quando acordo e me preparo para viver cada dia que passa.

Esta sim é a minha dedicatória a ela e deveria ser a de quem sofre por todos aqueles que um dia amou.
...Viver...



segunda-feira, 22 de outubro de 2007


Todo o teu corpo nu ondulava ao som do silêncio.
Era noite e não dia e lá fora o vento soprava quente.
Dentro do quarto somente uma respiração se ouvia.
Baixinho murmuravas a música que te fazia dançar.
Baixinho ditavas as palavras que te iriam fazer dormir.

Sara Almeida

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Uma Carta Dedicada

Recordo-me, recordo-nos...
Recordo um jardim onde percorria cada ponto, cada espaço com o olhar e observava tudo à minha volta como se cada flor, cada árvore, cada animal fossem únicas.
Recordo os cheiros de Lisboa e de quando a minha avó me vinha buscar à escola e íamos comprar milho para dar às pombas na Praça da Figueira.
Recordo a minha mãe e o seu sorriso quando às vezes nos olha e nos vê como as crianças que um dia fomos e das suas mãos a amaciarem-me o cabelo.
Recordo o meu pai com o seu típico sorriso e os olhos distantes, das lágrimas após tantas discussões e do abraço final de tréguas.
Recordo o meu avô paterno com a sua mão fechada revoltado com o país a falar constantemente de política e da minha avó a chorar por ele.
Recordo o meu irmão com as infinitas discussões que não davam em nada e dos seus olhos a pedirem uns ouvidos só mesmo para os ter e sentir que é ouvido.
Recordo a minha avó materna, do doce olhar, do sorriso ao falar de deus, ao falar da vida e do sentimento de paz que me transmitia a cada palavra.
Recordo o meu avô paterno, da sua constante má disposição, da cara zangada e do esforço que às vezes fazia para não esboçar um sorriso depois de eu me rir dele.
Recordo-me da praia em Sintra, do cheiro a mar, das brincadeiras, da felicidade e da tristeza, de tudo o que faz parte da família.
Recordo-nos... E é com essa recordação que vivo e é com ela que choro e sorrio e é dela que retiro amor.

Sara Almeida

*Este texto já tinha sido publicado no outro blog mas agora faz mais sentido mostrá-lo novamente... Foi escrito no dia 10.07.06.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Não escrevo porque deixei as mãos guardadas.
Não escrevo porque, embora a vida me permita a escrita, a escrita deixou de viver.

Não sou verbos, nem sílabas, nem mesmo palavras, sou um rosto entre outros que apaga a memória nos versos que não escreve.


Sara Almeida