quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

23 de Janeiro de 2006

A quem me lê, este texto vai ser um vómito de palavras que não vão fazer sentido, no entanto, escrevo por necessidade de mostrar o que é amar, o que é dor, o que é a amizade e quem sou eu por detrás de todas as palavras escritas neste espaço.
Estamos hoje no dia 23 de Janeiro de 2008 e faz exactamente hoje 2 anos que a minha irmã, amiga e companheira morreu. E agora é a altura em que todos ficam a pensar: "que merda, que tristeza, lamento!" Por favor não, não é isso que eu quero com este texto, eu só pretendo lembrar-me do que é amar alguém incondicionalmente, do que é ter ciúmes da melhor amiga, do que é telefonar e saber que estará lá sempre alguém, Sempre!

Amanhã seria o dia em que eu receberia a noticia da mãe a dizer: "Sara vais receber a pior noticia da tua vida" e sim... Foi isso mesmo que eu recebi, às 19h da tarde no meu trabalho, sim... Eu recebi a pior noticia da minha vida, eu ouvi as piores palavras que alguém pode ouvir.
Faz hoje 2 anos que eu passei a noite a chorar, em branco, ainda sem acreditar no que estava a acontecer.
Faz hoje 2 anos que olhei para as centenas de flores em volta de um caixão e me comecei a rir por a minha melhor amiga odiar o amarelo e não acreditar em padres da treta a pregarem aquilo que desconhecem, a dor que não sentem.
Ainda hoje tenho guardadas as cartas, as fotografias, as recordações de alguém que ainda hoje amo, que ainda penso e que ainda hoje sofro com a ausência.
Tenho vontade de chorar, tenho vontade de gritar ao mundo que nada é pior que a morte de alguém que amamos, nada é pior que isso, por isso Puta que vos pariu a todos, chega de hipocrisias e de falsas dores! (Desculpem, eu não quero ferir susceptibilidades com isto, é só mesmo um desabafo e sem desejos de atingir alguém)
Geralmente quando alguém morre existe a tendência a esquecermo-nos dos traços dessa pessoa, o que eu sempre achei curioso é que eu nunca esqueci os dela, nunca houve um momento em que não me lembrasse da voz, do cabelo, das unhas roídas, do corpo. Seria mais simples talvez se me tivesse esquecido, era sinal que não havia presença mas eu ainda sinto essa presença, todos os dias da minha vida, todos os dias eu sinto a presença da minha querida amiga.
Por isso, vos digo dêem valor ao que têm, dêem valor aos pequenos detalhes da vida, pisem a dor e a mágoa sem piedade e olhem em frente, olhem a merda do mundo e vejam o que é viver!

Aqui deixo o meu testemunho e aqui deixo um desabafo sem vontade de se abrir.

Sara Almeida

sábado, 19 de janeiro de 2008

São agora finais de uma tarde em que o frio nos aperta e os beijos nos aquecem.
Tenho o teu coração gravado no meu peito e as tuas mãos guardadas nos bolsos que cosi na pele.
Em ti procuro-me dentro do abraço que me força a ter-te em mim.
Em ti, meu amor, sou eu, aquela que não se envergonha da nudez do seu corpo e da palavra Amor.


Sara Almeida


*Mais um texto para a fotografia de Angelina Nicolau.

domingo, 6 de janeiro de 2008

É triste assistir à passagem do tempo e observar este rosto que se anula.
Dói-me o peito e os olhos das razões que não tenho.
Todos os mundos se abatem sobre mim e histórias que ainda estão por contar deixei-as no reflexo do meu corpo.
Está hoje na hora de sair, de arrancar a pele e fazer morrer estes gritos de silêncio que todos os dias me atropelam.
Está na hora, é tempo… E já passou…

Sara Almeida

* Fotografia de Angelina Nicolau (www.angelinanicolau.blogspot.com)
Obrigada...